quarta-feira, 31 de julho de 2013

DEPOIS QUE EU PARTIR


Depois que eu partir, volte à vida,
dê passos para ressurgir, continuar...
Se permita uma cisão,
uma aflição para dormir,
um cansaço de acordar.

Um medo vai apontar novos desafios,
repatriar lembranças esquecidas,
não se intimide, enfrente! 
Deixe que venha,
olhe em frente.
Toque violão. Rodopie.
Deixe as horas se perderem
e levarem a dor.

Depois de me perder, perca as entranhas.
Perca a raiva da vida, os caminhos e por que não?
os descaminhos.
Faça loucuras, perca o controle,
Lute por novas conquistas, e por que não?
Alguns desenganos.
Uma extensão já percorrida vai vibrar como saudade
pode sentir se quiser, não é crime.
Um dia, não irá mais machucar.

Depois que eu partir, noites continuarão noites.
Outras chuvas vão cair nos passos que se foram,
Para que tentar conter nas mãos
o controle impossível do destino? Caminhe.
A vida é sempre nova, desfaça-se do passado.                         

Peça pizza. Compre roupas novas, pague o vigia.
Nada de choro, melancolia, fotografias.
Veja a vida em sua essência: Um pulsar.
Uma viagem que se refaz a cada dia.
Um espetáculo que Deus nos convida a atuar.


Marcos tavares 

terça-feira, 30 de julho de 2013

BOLA DE CRISTAL


Desbastei ervas daninha,
e preparei o cio do jardim.
Adubei o caule das orquídeas
e esperei...
a declaração da chuva,
-à tua espera me pintei.

Pontilhei o caminho
com laços e flores.
Escrevi pelo chão
versos da nossa canção
e descansei meus braços
pra te abraçar.

Desenhei em sofreguidão
(em tela acetinada)
teu sorriso entre lírios
e névoas da manhã.
Esperei até amanhecer.
...Mas você não veio.
                
Minha bola de cristal
Nublada em minhas mãos
apontava mares desconhecidos,
impossíveis de te encontrar.
Com meu terno novo,
voltei ao jardim.
...À tua espera eu chorei. 


Marcos tavares



sábado, 27 de julho de 2013

SERES ESTRANHOS

A porta range quando eu entro.
Empurro meu mundo aos cômodos
que me deixam habitar.

Seres estranhos que vivem em mim,
vêm me libertar das estradas
e das suas tocaias.

Deixo fora minhas armas e amarras
Minhas armadilhas e outras moradas.
Escondo minhas pedras sob o tapete.

A porta range quando eu parto,
ensaio súbito, um grito que arde 
vestindo armaduras de guerra. 

Seres estranhos em mim se aglomeram
tomam posse dos meus rumos
e das minhas entranhas.

Resgato os meus canhões, 
a minha mira aguçada, 
e um estranho gosto por sangue 
na minha cara de marra. 


Marcos tavares 


segunda-feira, 22 de julho de 2013

AH! AS MULHERES


Ah! as mulheres...
Estão sempre protegidas
dentro dos seus esconderijos,
Querendo ser surpreendidas, reveladas...
São meninas querendo ser encantadas.

Gostam de mistérios, 
sapatos, exageros, mimos...
-flores sem motivos-
Nunca revelam seus desejos, 
é seu dever descobri-los.

Se você quiser que 
ela aceite o seu amor, 
liberte-a de seu ciúme,
ame-a em segredo,
sem desprezo, 
nos gestos sutis, 
entre olhares cheio de desejos.

Deixe que ela duvide
do que você sente.
São indefesas 
diante de uma escolha, 
querem testemunhas.
Nunca acredite em suas lágrimas,
é uma armadilha.

Preste atenção nas unhas, 
nos cabelos, nos vestidos.
Aprenda a elogiar, fazê-las rir, 
afagar os seus cabelos.
Ande de mãos dadas, 
abrace-as no frio, 
desnude-as cuidadosamente.
Não olhe os detalhes do seu corpo, 
olhe sempre nos seus olhos.
São inseguras quando nuas 
desde o pecado original.

Mulheres são manequins, 
equilibristas, bailarinas.
Vivem nos espelhos, passarelas, 
em portas de guarda roupa.

É um enfeite que se oferece, 
quando apaixonadas.
É um deleite que se prova, 
quando permitido.
É um veneno que se bebe 
quando provocadas.

Mulheres vivem em bando 
se espelhando.
Ás vezes sozinhas 
chorando a tarde toda,
por uma roupa que não cabe mais,
por um poema no fundo de uma gaveta
por uma cena de novela, 
ou outra besteira qualquer.

Mulheres são assim, 
mas não se engane.
São astutas, articuladoras, perigosas.
Já destruíram impérios, 
heranças, corações...
Já foram vilãs, espiãs 
e sempre serão poderosas.
Podem conduzir o mundo 
com o poder da sedução

Não precisam somente de carinho,
Querem atenção, 
que você as escute entusiasmado,
São guerreiras quando mães, 
predadoras quando famintas,
prostitutas quando amadas.
Oferecem o colo pra ninar,
mas querem um ombro 
pra descansar e serem abraçadas,
quando exaustas da condição 
de ser uma mulher. 


Marcos tavares de souza




quinta-feira, 18 de julho de 2013

RIMAS AFLITAS


O escurecer da noite
dando heresias
nos sonhos,
bicas revelando
restos de chuva.
Avesso à vida,
eu retalho fotografias.

Vontade de explodir em silabas,
de criar linguagens passageiras.

Vontade de adormecer 
em seus olhos ingênuos, 
em seu respirar sereno.

O desespero da noite
sendo trampolim
ao desconhecido,
o coração é quem dita,
cartas de amor
com rimas aflitas.

Se eu pudesse decidir
o meu atenuante, 
eu me arrancava de ti
sem requerer partilhas.




Marcos tavares





DIAS MÓRBIDOS


No meio do nada.
Algo me acorda,
não sei o que me alenta,
nem o que me devora.

Tenho medo da noite,
da morte lenta,
da foice cega
que me alimenta.

Nada sei de mim,
vou me descobrindo
naquilo que aconteço,
tenho medo
de querer fugir
daquilo que narro
me abandonar
junto aos espasmos.
que me desassossega

Não aprendi a esperar,
quero que me fira logo
os dias mórbidos
e de escuridão   
eu que me ateio fogo,
e me vejo queimar,
quando não tenho mais
pelo que lutar
e clamo seu perdão
por não saber mudar. 


Marcos tavares 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

FUTURO


Eu posso...
Aceitar tua companhia,
ser um vivo entre muitos,
entre tantos, o escolhido
e ainda assim,
negar o seu convite.

Também posso...
Ser um vivo entre poucos,
relutar as fantasias
blasfemar à luz do dia
e berrar que só existo agora,

Eu posso, quem sabe até, 
Vacilar, atrair-me em seu olhar,
aceitar o seu confronto doente,
envolvente, porém, maldito

Só não sei se posso...
Ser um morto entre tantos,
aceitar o seu comando,
abandonar minhas certezas,
e acorrentar-me ao seu encanto,
(esse humano devaneio).


Marcos tavares de souza