quinta-feira, 22 de agosto de 2013

ALÉM DO MEU PRANTO

Pra te esquecer, eu…
e esta madrugada aflita
neste momento imenso
que é tanto,
nesta lonjura de tudo
que é vida
e que tira
das estrelas
seu encanto,
eu me juntei
em vísceras e caminhei.
Incerto ainda, de não ter
nas mãos o que ofertar
além do meu pranto.

Vida que trafego insone
dos seus sonhos
e deste amor
que hoje é vândalo
e que lateja
nesta estrada sem ti
que ficou pra seguir
e sentir esta dor
que ainda é tanta.



Marcos tavares

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

ALMAS PERDIDAS, ALMAS SEM FUNDO



Vejo pessoas andando
com suas almas vazias...
assim, tão cheias de nada!
Onde estão os sentimentos?
Onde se encontra a razão?
Estão todos no fundo da alma sem fundo
A alma perdida que caiu no precipício
Pobre dela!
Que não enxerga mais as belezas da vida
Apenas vê a densa e fúnebre escuridão
do fundo da alma sem fundo



Júlia Rezende
https://www.facebook.com/JuNyiDark

domingo, 18 de agosto de 2013

CARTA DE SUICÍDIO DE MAIAKOWISKI


A todos
De minha morte não acusem ninguém, por favor, não façam fofocas.
O defunto odiava isso.
Mãe, irmãs e companheiros, me desculpem, este não é o melhor método (não recomendo a ninguém), mas não tenho saída.
Lilia, ame-me.
Ao governo: minha família são Lilia, Brik, minha mãe, minhas irmãs e Verônica Vitoldovna Polonskaia.
Caso torne a vida delas suportável, obrigado.
Os poemas inacabados entreguem aos Birk, eles saberão o que fazer.
Como dizem:
caso encerrado,
o  barco do amor partiu-se na rotina.
Acertei as contas com a vida
inútil a lista
de dores,
desgraças
e magoas mútuas,
Felicidade para quem fica.


Vladimir Maiakovski


sábado, 17 de agosto de 2013

MENINA INOCENTE



Me coma com preguiça,
lentamente,
explorando meus esconderijos,
sussurrando indecências
delicadamente.

Me coma de repente,
com carência,
abrindo minha blusa,
com as mãos indecisas
acidentalmente.

Me coma com seus dentes,
me arrastando pelos cabelos,
descosturando minhas roupas,
com tapas na cara,
gulosamente

Me coma esfomeado,
com jeito de bandido,
como cafajeste que desfruta,
de uma menina inocente,
impunemente

Me coma como vadia,
com desprezo,
sem medir estragos
sem querer afagos
sem mostrar nos olhos
agradecimento.

Me coma como sua, suado,
se desmanchando no meu ventre,
perdido nos meus olhos
apaixonados,
tontos de paixão
e contentamento 


Marcos tavares 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

EU VOU ERRAR


Eu vou errar...
como todo ser
que pensa em acertar,
que luta pelo que crê. 
Irei até onde os pés deixarem
e o coração pretender sonhar. 

Eu vou errar...
fraquejar diante dos meus limites,
da fronteira que me impedirá prosseguir e
ver no peso da minha pedra
o motivo que fará
me entregar.

Eu vou errar...
querer abrigo
ser amado
por quem puder me amar,
sofrer por quem me fizer 
sentir vontade de chorar.

Viverei sempre
querendo acertar,
sem saber se o caminho
me fará chegar
ao destino que quis traçar,
mas poderei olhar pra trás
e ver que fiz
tudo que estava
em minhas mãos
poder fazer.



Marcos tavares 


domingo, 4 de agosto de 2013

AMOR DE CETIM





Eu te amei um dia, me enfeitando,
combinando roupas em sua retina.
Andando na ponta dos pés,
de mochila pronta pra partir,
levitando ao seu redor, doida pra ser levada,
carregada pelos seus braços, nas suas enxurradas.

Foi uma coisa sozinha, só minha.
Um segredo de menina, rabiscado nos cadernos,
num diário de fotografias, uma coisa sem motivo,
que inundou aquela estação, como passarinhos no verão.

Foi um amor de domingo, de olhares tímidos,
explosão de adrenalina.
Dava pra vê-lo pulsando na mão, de tanto que eu tinha.
Foi um amor de cetim, aconteceu dentro de mim,
não foi culpa de alguém, só minha.
Eu não deixei sair, esperei você me olhar,
...ver como eu poderia ser sua,
naquele dia... 
e por toda sua vida. 



Marcos tavares               

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

LUGAR ALGUM

Navegar sem leme
e sem rumo certo,
não hospedar nos olhos
lugar algum
e só encontrar o deserto
que restou em mim.

Derramar nos poros
o teu verso náufrago,
sem bálsamo e lenitivo
sem amenizar
o afogar definitivo

Não ter ilhas, cais,
nem beira de mar.
Somente o medo
de não mais
poder me ancorar.

Vagar na planta dos pés
com ânsia de me isolar.
Só levar comigo 
o mapa dos teus olhos.


Marcos tavares 

foto de Talita