segunda-feira, 28 de julho de 2014

PRENDA

Hoje eu quero ser prenda,
ser levada,
molhada de chuva,
dançar em roda de viola,
ser pega, capturada,
me perder pela madrugada.

Hoje eu quero ser lavada,
encharcada de tequila,
amordaçada como bandida,
desaforada, abatida,
amada por aventureiros.

Hoje eu quero ser surrada,
desarrumada dos pés a cabeça
contar toda verdade,
explicar os desenhos
das minhas tatuagens.

Deixar à mostra
a cara sem maquiagem,
a cor vermelha da calcinha,
os anéis que me deram
(sem eu merecer)
e escorrer no suor um amor
que ainda teima em doer.



Marcos tavares 


sábado, 19 de julho de 2014

VERSOS DE AMOR

Você é meu castigo,  
meu ninho,
meu desperdício,
um sonho que arrisco,
sem perceber.

Você é o que mastigo,
é quem rabisco
em telas de vime,
é o que me atiro,
sem ver o risco
de me perder.

Você é o que valida
meu sacrifício,
me surra, me empurra
aos precipícios
sem se importar.

Você é o que persigo,
me abriga, me rima,
inspira versos de amor
nos caminhos que sigo,
é tudo que quis
desde menino,
sem descansar.

Você é meu sorriso,
o motivo que faz
um amor sem medir
a razão que me diz
valer a pena lutar,
o sentido de tudo
me fazer feliz.


Marcos Tavares


terça-feira, 1 de julho de 2014

MARCAS DO PASSADO


Na arrumação dos armários                       
aparecem as marcas do passado.
Pessoas que doeram
em coisas que ficaram escondidas
e não me lembro mais ter vivido,
nem mesmo um dia me feito triste.
Rio delas, perdidas nas gavetas
(que já não abria mais).

Aprendi a ferir,
a jogar fora meus ideais.
Manchei de nanquim
o quadro na parede
da imagem de menina,
cheia de virtudes
que pensei
viver em mim.

Eu gosto da rua,
o relento me fascina,
desarrumo as coisas
pra esquecê-las.

Tomo as rédeas do que restou
do meu coração
(que ainda bate)
e que lhe prometi
nunca mais o amor
ser a nossa doença.


Marcos tavares