quarta-feira, 26 de novembro de 2014

PASSARELA DE TOLOS

Já não tenho mais saco                                             
para pessoas amarguradas
aquelas que não sabem se perdoar
que culpam o mundo 
por não ter sido melhor para elas
que condicionam sua felicidade,
atrelada aos seus sonhos estúpidos

Já não consigo mais 
sentar na mesma mesa de bar
dos idiotas anestesiados 
pela imagem de si
pessoas estéticas
que não se aceitam como são
que buscam prêmios idiotas
por suas proezas desvalidas,

O que eu quero 
é rir das minhas cagadas
gargalhar, até doer o estomago, 
das besteiras que fiz
e me aceitar como sou, 
quero interagir com minha fragilidade
com todos os defeitos e derrotas
e por fim deixar sair toda a mágoa
que ganhei inutilmente 
por me imaginar um dia
ser um fantoche 
de uma passarela de tolos.

Marcos Tavares


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

TEIAS DA IMENSIDÃO

Um átomo-grão
nas veias que vão
secando.
É só a vida
aparentando ser
braços remando.

Um corte inevitável,
na célula infinita,
revelando
a muralha que impede ver
onde se vai mergulhando.

Um corpo colapso,
nas teias da imensidão
se moldando
ao lapso das palavras que vão 
nada significando.

Imensuráveis porquês
e cálculos quânticos
indagando,
implorando querer continuar
sangrando.

Na morte temer
não mais poder julgar,
juntando as mãos
que foram condenando,
suplicando querer
reconciliar. 


Marcos Tavares

terça-feira, 18 de novembro de 2014

CHAGA DESCONHECIDA


Isso não é dor é só miséria,
não é vida é só matéria,
consciência vibrando a forma,
demência gerando normas.

Não é crime, é só uma morbidez
que me degusta,
não é desespero é só um berro,
que me assusta.
Uma incerteza que eu me apego,
que revira meu vespeiro.

Não é muito, é o que me cabe.
Não é pouco, é o que preciso,
uma chaga desconhecida,
que não mata e não diz
porque me move,
nem me deixa prosseguir.

Isso não é lodo, é o mesmo caminho,
que insisto percorrer.
Não é mofo nem é triste,
é só o passado que resiste
em não partir.

Não tem vida nem respira,
acontece onde nada havia,
(agride sem cessar).
Não é a fome, é só comida que não sacia,
não se mostra nem me diz
porque me anima.  


Marcos tavares 


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

FOME MALDITA


Por favor, me dê comida,
do seu prato e da sua boca
que acusa minha fome
dela ser maldita.

Por favor, me dê banho,
lave-me com sua saliva
que eu engulo e engasgo
por eu viver sedento.

Por favor, me dê descanso,
me deite entre seus braços
que me aquieta, que me junta,
por eu ser só pedaços.

Por favor, me de saída,
arrebente minhas correntes
eu que fui condenado
a ser parte da sua pele.  


Marcos tavares 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

MINHA ESTUPIDEZ

Você me conserta,                                                 
me alerta as emboscadas,
refaz os meus estragos,
afaga minha estupidez,
os percalços de mim.
Mostra de onde vim,
os endereços pra seguir.

Você me dá vida, 
dádiva que fica,
me encoraja, me intensifica,
faz mágicas pra eu sorrir,
me rarifica.

Tolera o que mostro
na minha cicatriz,
justifica eu ter poesias,
ter do que ser feliz.

Você me dá sonho,
chove quando eu seco,
irriga meus hemisférios,
atenua minha insensatez
me sua no seu corpo
mima minha sina,
me cria em teu bolero,
me motiva a viver,
aceita eu ser sem rumo,
não saber o que quero,
abre minhas janelas
conhece meus porões
varre os meus quintais.

Marcos tavares 
foto da amiga Victoria Steiner
https://www.facebook.com/victoria.steiner.96?pnref=story


terça-feira, 4 de novembro de 2014

PALAVRAS DE AMOR

Toda paixão embolora,
deixa solidão, leva felicidade,
faz estragos lá dentro
quando vai embora

Toda paixão desestrutura,
muda nossos rumos, subjuga,
decide de repente desagregar,
ser insensata, criar ruptura.

Toda paixão desafora,
acaba em si mesmo,
impõe outra realidade,
embriaga de saudade
e nos devora.

Toda paixão é letal
amesquinha, desarvora,
faz perder o chão,
vai definhando o coração,
como um temporal.
 
Toda paixão é vendaval,
desconhece o amanhã,
se encanta por outras canções
e parte sorrateira, deixando
os nossos olhos distantes
se perderem em horizontes,
junto com pingos de chuva
que escorrem pela janela,
esperando amanhecer
e deixar de doer.

Toda paixão pode voltar,
num olhar mais demorado,
nas cores vivas de um cetim,
em coisas imprevistas, banais,
como os versos de uma melodia
ou a pele perfumada de um abraço,
sentido sem querer

Cuide com zelo,
pode ser amor
e querer ficar,
curar danos antigos,
encontrar as palavras de amor
que se perderam
lançadas ao chão repartidas,
desalinhadas sem perceber,
por ilusões que ainda doem
em paixões que já partiram.





Marcos tavares