sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O INTRUSO

Tudo acontece espontaneamente, sem um fazedor. Escrever, ler, pensar, digitar, etc... sem nenhuma intenção ou objetivo, tudo vai se desenrolando por si só. Mas de repente o pensamento se apropria da ação, eis que surge um eu possuidor do corpo. Neste momento nasce a dualidade, um sujeito e um objeto, um eu e outro e a jornada de um ser sofredor vem ao palco da unidade. No reino de Deus surge o diabo, o intruso, aquele que invade a cena se separando do acontecimento universal. Nomes e formas se tornam limitados dando energia a sensações e sentimentos, como forças contrarias uma das outras, o que era puro e inofensivo em si se torna evitável, inadequado e sofrível na visão egoica deste intruso. Neste momento, que é exatamente agora, esse figura ilusória vai construir para si todo tipo de segurança para manter sua identidade. Posses, conhecimento, saúde, poder e glória são suas conquistas prioritárias, e tudo que for contrário aos seus objetivos lhe trarão sofrimento. Acontece que no palco universal tudo é puro e experimentável, tudo irá se desenrolar como a vida planejar universalmente a sua manifestação. Na ilusão humana de ser uma identidade separada do todo, enganada por esse invasor, caracterizada por misérias e frustrações, explode dentro do ser humano um profundo descontentamento com o cenário em que vive. Esse é o momento de se render, estamos atravessando uma época de mudança de valores. Existe uma agitação em todos os segmentos da sociedade em busca de si mesmo. A questão maior é que esse si mesmo não será encontrada pela mente, nem por nenhum conceito que se apresente por ela. O que é preciso entender é que nosso maior (pseudo) aliado é nosso maior algoz, aquilo que preservamos tanto precisa sair de cena, só assim o que é real em todos nós virá à tona e toda a ilusão se desvanecerá.

Marcos tavares 

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

QUIMERA

Os pés que correm 
não são os mesmos que fogem
as mãos que acarinham ]
não são as mesmas que batem
os olhos que veem 
não são os mesmos que choram
mas...
a voz que te ofende também me defende
a cura da minha ira também me adoece
sigo sem saber meus caminhos
mesmo não sendo os meus

a vida que morre é a mesma que vive
que a boca que engole, também me vomita
que a comida que me sacia também me matará

O menor dos meus desejos é profano
o lar que me abriga é cigano
o braço que eu suspendo é insano
o que vejo na janela é tirano
engano ter essa flor na minha lapela
engano não saber ser a vida uma quimera


Marcos tavares

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

RIMAS ESQUECIDAS

Não há mais lírios, 
não resisto mais
ao delírio que me aventuro.
Não vi porto seguro 
onde caminhei,
nem vi brilhar em mim 
aquilo que eu procurei.

Não há venturas
Sem você eu só vejo despedidas
eu me nego seguir sozinho este caminho
e entrego sem apego o meu destino,
nas rasuras destas rimas esquecidas.

Mas ainda eu brigo
há batalhas que ainda podem ser vencidas
Eu preciso do seu braço nesta luta
pra fazer do nosso mundo
um pouco mais florido,
E sonhar ver o teu brilho colorindo 
o amor que sinto ainda 
dentro de mim.


Marcos tavares