terça-feira, 21 de maio de 2013

APEGO

Tenho tantas necessidades!
Poema, cinema, porão.
...sentir calma.
Cremes estranhos que ardem na pele.
Ansiolíticos, palitos de dente,
meias de algodão,
tristeza de branco.

Tenho necessidade do diabo.
Chinelos, chuveiros, criar pombos,
emprego, dinheiro, flagelos.
Sentir raiva aos domingos.
Incenso, cavernas, segredos,
pão com manteiga, carregar bússolas...
Água com açúcar.

Tenho necessidade de gente.
Cartomantes, perfume, vitamina d,
ouvir musica de preto.
Abraços, ventania, imensidão,
ouvir as batidas do coração,
trancar gavetas, balas de hortelã,
andar descalço, doce de leite.

Tenho necessidade de Deus.
Coentro, solidão, chuva,
...ter alegria.
Sentir cheiro de feijão,
gomos de laranja,
gotas de novalgina,
horas e horas
dentro de mim.


Marcos tavares 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O QUE É MELHOR PRA MIM


Eu sempre amanheço bem.
Não tomo fanta,
não bebo leite e chupo manga.
Não faço piruetas,
dispenso sobremesas,
não vivo em puteiros,
não fico na janela,
alvo de bala,
alvo da fala
dos transeuntes.

Eu sempre durmo cedo.
Gosto de aveia,
linhaça com mel,
não faço rapel,
olho os dois lados da rua
pra atravessar.
Carrego no bolso
retrato de São Benedito,
antivírus, GPS, galho de arruda.
Mesmo assim...
Tem sempre um filho da puta
dizendo que sabe
o que é melhor para mim


Marcos tavares 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

DIA DAS MÃES



Quando meu pai morreu eu tinha apenas seis anos de idade e meus irmãos menos ainda, foi muito estranho aquele dia, tanta gente triste e outras tantas, querendo que eu não soubesse o que estava acontecendo.  
Fui entendendo aos poucos o que tinha acontecido, até que de um momento ao outro eu me desmanchei em lágrimas, era um choro diferente, eu não tinha apanhado, não estava doente, não estava querendo chamar a atenção, não fazia birra nenhuma por nada, apenas fiquei num canto junto com minha mãe, quando enfim ela permitiu que eu pudesse chorar.

Não tinha o costume de falar com Deus naquela época, fico pensando agora o que iria dizer a ele.  Nem tenho ideia do quanto eu o xingaria. O tanto que a dor daquele dia viraria raiva, ódio, revolta, sei lá... Uma criança sem ter os sentimentos negativos que a vida ainda não lhe tenha dado não sabe direito o que fazer além de curvar-se diante de uma dor como essa e se aninhar em um canto com medo de incomodar os mais velhos e então chorar, chorar até se cansar e foi o que eu fiz.

Estranho como esse mesmo Deus que me tirou meu pai tão novo, continuaria ainda a me sacanear. Essas coisas devem ser como comprar algo muito caro à vista, nunca mais ter que pagar por mais nada. Mas não, a vida continuou a fazer das suas e apesar disto eu segui adiante, tropeçando e aprendendo as regras da vida.  

Foi em um momento magico que eu vi minha mãe sentada na poltrona após tantos anos com tudo que passamos juntos sem a presença daquele homem que tanto nos encantava e que principalmente o quanto veio nos fazer falta, pude perceber o quanto seria eu, injusto se naquele momento eu pudesse me revoltar com Deus e ficasse esbravejando palavrões contra ele, pois Deus me deu uma mãe, que não fraquejou, aceitou, confiou e avançou junto com seus quatro filhos pela vida. 

Não existem palavras de agradecimento para me dirigir a Deus, por ter me dado a maior heroína que vi ou verei nesta vida. Sinto falta do pai que não tive e isso dói, mas  a mãe que se senta no sofá e feliz nos encanta com sua voz suave, meiga e carinhosa depois de ter lutado tanto para ser pai e mãe ao mesmo tempo e ter vencido a tarefa que Deus lhe deu. Não sei explicar o quanto amo essa senhora que mostrou a mim e a meus irmãos o que significa a palavra mãe.
Sei que todos tem suas histórias com suas mães, e todas são especiais para cada um, pois ser mãe é muito mais que um titulo. É uma entrega, o verdadeiro sentido da palavra doação e amor.


Marcos tavares de souza
Obrigado Dona Maria Helena,