sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

AVARIAS DO MEU SER

Eu nem sabia!  
temia ser:
as tuas mãos.
E da luz dos teus olhos
irradiarem
os meus dias.

Eu nem podia
(sendo incerto)
hospedar-me em ti,
sendo eu,
velejador de ventos hostis,
declarar o amor que havia.

Nem mesmo tinha,
em meio a ermos horizontes,
caminhos em mim
e em teus casulos percorri
as avarias do meu ser.



Marcos tavares 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

COISA PRIMITIVA


Somos como bichos
atraídos pelo cheiro,
selvagens no cio
atracados pela seiva,
coisa primitiva.
Arrebatadora.

Somos como olhos
que se devoram
na íris atrevida da paixão,
como peles
que se roçam,
grudam no suor de tesão
coisa primitiva.
Avassaladora.

Somos como bocas
que se engolem,
palavras que se engasgam
no suor das línguas,
e se afogam na saliva
coisa primitiva.
Devastadora.   


Marcos tavares de souza




sábado, 15 de dezembro de 2012

FENECER


Feneço na ausência
dos homens cor de bronze
do prepúcio de púrpura.

Quem me lapidou
esqueceu de me tirar
o veneno.

Ateio
fogo na minha própria
teia.

Como quem preserva fortalezas
corto minhas / alheias
veias.

Feneço, infinitamente
na presença dos homens
que têm grandes pés e nenhuma fé.
Que me rasgam a carne
e me sepultam em suas glandes.

Não fosse eu
uma pessoa de múltiplos escudos
viveria a vida toda
como um único vestido
de veludo.


Marize Castro


domingo, 25 de novembro de 2012

ALGO DE BOM



Há sempre alguém na vida da gente...
Alguém que aparece sorrindo...
Alguém que nos deixa chorando...
E por mais que a gente tente esquecer;
Há sempre alguém impossível de esquecer...
A vida é assim mesmo...
Um dia a gente ganha e no outro pode até perder...
Mas o barato dela é que ela te dá oportunidades,
Sempre um dia novo pra recomeçar e fazer tudo diferente...
Você não entra na vida das pessoas apenas para ser mais um,
Mas sim, para deixar algo de bom!!!


Texto: Flávia Silva



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

MATERIALIDADE


                                                         
                                     Texto relacionado click aqui : Castigo




terça-feira, 20 de novembro de 2012

A FÉ NO BANCO DOS RÉUS.


A hipocrisia da fé em Deus

Segundo definições colhidas no meio religioso, filosófico e fontes alternativas, Deus é a inteligência suprema, justiça perfeita, amor sublime e causa primaria de todas as coisas.
Nada pode acontecer se estas causas não estiverem em ação, a respeito disto a maioria esmagadora do segmento religioso está de acordo.
Isto implica dizer que se cair um poste na minha ou na sua cabeça, o único agente é Deus.
Pois nesta ação estará: o amor sublime (o amor acima de todas as coisas) justiça perfeita (ação e reação) e inteligência suprema (onipresença, onipotência e onisciência).
O exemplo do poste também vale para as bactérias, as deformações físicas e mentais e todo manifesto vibrante do qual se é sensitivo.
Fazem parte deste cenário,  a imagem estonteante de um por de sol, o orgasmo, o amor correspondido, a felicidade da conquista de um objetivo, a saúde recuperada e tantas outras possibilidades desta manifestação. Tudo que move é sagrado.
Se aceitássemos essa pequena definição, a humanidade já estaria salva e todas as coisas estariam corretas e organizadas por esse poder infinito. Desta forma, sim! Teríamos enfim: fé em Deus.
Mas aquilo que chamamos de fé é uma tentativa fálica de organizar o mundo, conforme nossos critérios.  O mundo que é dado é também retirado a qualquer momento e nada podemos fazer. Nem mesmo assim, deixamos de tentar ser o dono de suas ações e do ambiente, num exercício infantil de controle. Por mais que esperneiem as ciências agregadas, a psicologia e a filosofia e mesmo até, a religião, nós não somos controladores de nada, antes controlados por uma força superior a nossa que imaginamos poder negociar.

Negócio da China.

Por sermos humanos somos dotados de ego, agente individualista, que quer nos apartar da humanidade e construir um castelo próprio para as nossas fantasias. Um reino que nos aproprie do julgamento sobre o certo e errado e que nos faça sentir superiores aos outros e assim atestar uma existência de destaque.
Como os acontecimentos da vida não atestam essa sandice o mundo externo e a humanidade passa a ser objeto de conquista.
Saímos à caça de aliados que nos auxiliem na tarefa de valorizar a imagem representativa de um vencedor. A mídia sabe que você esta em busca desta autoafirmação e nomeia os bens materiais como objetos representativos de superioridade. A busca para amealhar bens e conquistar um trono para o assento da bunda desembesta: Fica estabelecido o objetivo humano. Num jogo com regras obscuras e prêmios questionáveis.

Negociando com Deus.

Na luta desenfreada e irracional de se tornar vencedor,  o homem enfrenta na vida um  inexorável inimigo chamado “destino”, do qual não faz ideia de como moldá-lo a sua vontade.
Nessa falta de rédeas e sensibilidade altruísta de se render a soberania da destinação da vida, novamente sai à caça de aliados e encontra na religião a promessa de uma vida melhor e mais ajustada a seus anseios egoístas, onde tem na fé, seu maior trunfo.
A fé se torna uma força interior capaz de “remover montanhas”, e nesta crença confundida com a ótica humana de saber o que lhe é melhor, torna a vida um campo de ideologias individualizadas onde não existem acordos nem aceitação de viver em sintonia com a vida universal.  O que o outro pensa, deseja e precisa me oprime, devo desconsiderar sua existência por minha moral construída em cima das minhas ilusões, pois o mundo precisa satisfazer a minha vontade, mesmo que ela seja regida pela minha visão mesquinha de convivência.
A fé que começo a construir a partir deste raciocínio, descredencia Deus de ser a causa primaria de todas as coisas e dá a ele a impotência diante de tudo. Um mero observador que senta num trono e fica torcendo pelas conquistas que almejamos. Uma imagem dantesca onde imperaria o maniqueísmo e o acaso.
Desta forma eu aceito a ideia do diabo como o outro que não aceita as normas de moralidade e ética que eu creio como reais. O Deus que eu construo luta por mim, enquanto o diabo luta pelo outro (“o inferno são os outros” - Jean Paul Sartre), Neste ambiente se ergue a religião, onde busco adeptos a minha crença.
A religião é o instrumento de descontentamento com a realidade. A terra prometida de ilusões humanas, Não se trata de Deus. Segue assim,  um mapa comportamental (cartilha do medo), para aquisição de um objetivo insubstancial.
Antes, uma fuga do momento imediato para um futuro que nunca se apresenta por não existir como manifesto. O futuro nunca está a nossa disposição como experimentação ou usufruto, em verdade  é um engodo que nos entregamos por não sabermos lidar com o momento único da existência: O agora.

A verdadeira fé.

Aquele que tem a aceitação no que acontece e age com complacência com o destino, tem a fé em sua verdadeira essência, não se pode confundir com um comportamento omisso diante dos acontecimentos. Não é disso que se trata! Fé em Deus é entrega total na oportunidade de viver, é submissão às leis da natureza e existência. É um exercício de atuação na idealização divina e amorosa, na qual, a nossa adaptação e representação se tornam intimamente qualificada para novos papeis na criação. Papeis que vão se tornando mais complexos e mais desafiantes, conforme a superação. Esta é a conquista real, o reino dos céus, a evolução espiritual, o samadhi, o nirvana, a consciencia cósmica, etc...
Ter uma vida, completamente desgraçada é um papel que sua verdadeira essência se propõe a atuar(Deus não joga dados e não erra). Pedir a Deus que mude seu papel através da fé é fazer a inútil tentativa de ir contra a sua verdadeira natureza e suas habilidades, contra aquilo que se é mais apto a realizar no teatro da existência.
Infelizmente a maioria irá pensar que isto é uma tremenda idiotice, assim como eu já pensei, mas com o passar do tempo e essa ideia batendo na cabeça, vivenciando cada dia com esta verdade, fui me tornando muito mais livre e muito mais feliz. Aprendendo a ter fé na vida sem me ocupar em me revoltar com o destino e não medindo forças com Deus e as circunstancias da vida. Apenas deixando o amor tomar conta do meu ser, num gesto grandioso de humildade e respeito por Deus, suas regras e seus planos de criador.



Marcos tavares de souza


domingo, 18 de novembro de 2012

ODES MINIMAS



Demora-te sobre minha hora.
Antes de me tomar, demora.
Que tu me percorras cuidadosa, etérea
Que eu te conheça lícita, terrena

Duas fortes mulheres
Na sua dura hora.

Que me tomes sem pena
Mas, voluptuosa, eterna,
Como as fêmeas da Terra.

E a ti, te conhecendo,
Que eu me faça carne
E posse
Como fazem os homens.


Hilda Hilst
Da morte - Odes minimas


terça-feira, 13 de novembro de 2012

PERMISSÃO



                                             Marcos tavares de souza



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

OS CAFAJESTES



Quero os cafajestes, barba por fazer, cara de safados que não fazem questão de dizer sequer o nome. Odeio os românticos, que gastam a lábia tentando provar que não querem foder logo na primeira noite. 
Dia desses, escolhendo a porra de um sanduíche  na hora do almoço, esbarrei meu professor de química, um gato, caralho! Como é mesmo o nome dele?!!, sei lá, que se foda,-esqueci. Comecei a sorrir e logo dei um beijinho no rosto, Paulinha, 3ºC, você se lembra de mim?  Fui logo me oferecendo, caralho, parecia galinha mesmo! Papo vem papo vai, sentamos e almoçamos juntos. Trocamos números de telefones e logo fomos embora.

Aos domingos eu fico empoleirada no sofá, adoro! Domingo é dia de descanso, não me chamem pra porra nenhuma, fico o dia todo de pijama, descabelada, com meu i-phone grudado na orelha, uma panela de brigadeiro no fogão, que visito regularmente durante o dia.
Não é que o filho da puta me ligou no domingo! Putz, esse vale a pena, pensei. Mas, barzinho na vila com uns amigos dele, tô fora! Dispensei contrariada, porra, meu! O homem tem que ser mais criativo, aposto que ficam discutindo as combinações químicas das bebidas que tomam enquanto beliscam bolinhos de carne seca, porra, meu cu! Não rola.
Resolvi mostrar como é que se faz, fui na porta do colégio, e esperei ele sair, era segunda feira e estava uma puta chuva, deixei meu carro num estacionamento próximo e fiquei em frente ao portão, com uma carinha de quem precisava resolver uma equação. Fiquei sob a marquise da entrada da escola e cara de pidona.
Uma hora depois, estávamos rodando sem destino pela cidade. Meu!, esse cara é um tesão!!, deu vontade de pegar no pau dele dentro do carro mesmo, mas ele estava muito atrapalhado, não estava entendendo nada. Eu percebi pelas musicas que ele escutava no carro. Cara decidido que sabe o que quer não fica mostrando o novo som de uma banda mineira, porra meu cu! vá se fuder! Pluguei meu pen drive e começamos a navegar pelo meu universo, percebi que ele estava curtindo, o transito não ajudava naquela hora da noite, meu celular não parava de tocar, esses viados não me deixam em paz mesmo! Acho que eu dou pra qualquer um? Escolho minha caça, só dou se rolar tesão.  
Estou a fim de meter com você, falei descaradamente. Poucos minutos depois, eu já estava engolindo o seu pau, enquanto ele me levava pra casa dele, tentando dirigir com as mãos enfiada na minha calcinha.
Sou puta sim! Mas cá pra nós, sobre os lençóis: O cara é fraco, nada a ver! Sou muito mais, o meu marido. 



Marcos Tavares de Souza,


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

CONDENAÇÃO


Perdão:
Estou predestinado a ser feliz.
que fazer?
não sei torturar
nem quero o poder,
a honra não me tenta
nem o sucesso almejo

Menina,
nem teus apelos domésticos
nem teu regaço em brasa
detêm em mim esta poesia

Sou feliz,
como o pássaro da anistia,
sobrevoando o céu tumultuado

Executivos, heróis, soldados,
fanáticos, empresários, proprietários,
classe média em geral,
eu vos declaro a minha condenação:
sou cavalo do meu sonho. 



Climério Ferreira.