Tudo
acontece espontaneamente, sem um fazedor. Escrever, ler, pensar,
digitar, etc... sem nenhuma intenção ou objetivo, tudo vai se
desenrolando por si só. Mas de repente o pensamento se apropria da
ação, eis que surge um eu possuidor do corpo. Neste momento nasce a
dualidade, um sujeito e um objeto, um eu e outro e a jornada de um
ser sofredor vem ao palco da unidade. No reino de Deus surge o diabo,
o intruso, aquele que invade a cena se separando do acontecimento
universal. Nomes e formas se tornam limitados dando energia a
sensações e sentimentos, como forças contrarias uma das outras, o
que era puro e inofensivo em si se torna evitável, inadequado e
sofrível na visão egoica deste intruso. Neste momento, que é
exatamente agora, esse figura ilusória vai construir para si todo
tipo de segurança para manter sua identidade. Posses, conhecimento,
saúde, poder e glória são suas conquistas prioritárias, e tudo
que for contrário aos seus objetivos lhe trarão sofrimento.
Acontece que no palco universal tudo é puro e experimentável, tudo
irá se desenrolar como a vida planejar universalmente a sua
manifestação. Na ilusão humana de ser uma identidade separada do
todo, enganada por esse invasor, caracterizada por misérias e
frustrações, explode dentro do ser humano um profundo
descontentamento com o cenário em que vive. Esse é o momento de se
render, estamos atravessando uma época de mudança de valores. Existe uma agitação em todos os segmentos da sociedade em busca de
si mesmo. A questão maior é que esse si mesmo não será encontrada
pela mente, nem por nenhum conceito que se apresente por ela. O que é preciso entender é que nosso maior (pseudo) aliado é nosso
maior algoz, aquilo que preservamos tanto precisa sair de cena, só
assim o que é real em todos nós virá à tona e toda a ilusão se
desvanecerá.
Marcos tavares