quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

TODO MEU ENCANTO

Você não sabe 
que ainda te amo                           
de tantas formas
e tantos planos,
com toda minha vida
e todo meu encanto.

Você não sabe que te procuro
em coisas deixadas nos armários
na transparência dos espelhos
pela manhã entre os travesseiros

Não, você não sabe,
do meu sorriso já perdido
das vezes que tenho te chamado
das lágrimas que tem me inundado,
e dos sonhos que vivo me iludindo.

Não, você não sabe,
do meu prejuízo,
o quanto tenho sofrido,
escondido a emoção tamanha
de ter te feito minha
e ter te amado tanto.

Marcos tavares 

Foto da amiga Gabriela Chagas
https://www.facebook.com/gabichagasb

DO LIVRO PRÓXIMA ESTAÇÃO- EDITADO EM 1986- ED. SCORTECCI
(texto revisitado)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

BASEADO

Quando eu nasci
um anjo torto,
com a maior
cara de nojo
olhou pra mim
a contragosto,
acendeu um baseado
na maior cara de desgosto
e disse em arrotos:
-O bicho vai pegar pro seu lado.
Deste dia em diante
fui temente a ele.

Quando eu cresci,
o mesmo anjo
parecendo ainda mais torto
com a maior cara de agosto,
me encontrou mal pelos esgotos
acendeu outro baseado
e com a maior cara de pau,
riu sem me olhar no rosto,
e disse com a voz de morto
-Eu te falei que o bicho era louco.
Desde então...
tenho sido como ele.

  
Marcos tavares

idéia original:  Carlos Drummond de Andrade.


Com todo respeito a todas as religiões e todos os credos, nenhuma heresia esta implícita neste texto, isso é apenas poesia... Se você se sentir ofendido com estas palavras, desculpe, não é nossa intenção atacar sua crença. Aqui nós damos liberdade a toda forma de manifestação literária e não somos partidários a nenhum sistema específico. Não estamos levantando bandeira de nenhum aprisionamento humano, temos simpatia pela liberdade de escolha.




segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

VESTIR VOCÊ


Já não sonho.
Essa vontade de te ver
me deixa  insone. 
Me pego me arranhando,
sem saber o que me resta,
tudo que eu tinha
era você.

Já não gosto do sol
da chuva no telhado,
nem das andorinhas das manhãs
na nossa janela.
Não ligo as luzes, as arandelas,
para escolher as nossas roupas
combinar seus sapatos,
-vestir você

Já não canto
não faço melodias
nem pinto aquarelas
com desenho dos teus olhos.
Não mais me encanto,
nada na vida é tanto,
pra ter motivo de sorrir,
-seguir sem você.


Marcos tavares 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

ATITUDE

Destruí poemas de amor,
apaguei luzes,
trilhei-me de fugas,
rompi choros
com um susto.

Desvendei mascaras,
revelei pactos,
anunciei mudanças,
fechei a porta
e tranquei-me.

...depois calei-me
com um grito.




Marcos tavares 




domingo, 8 de fevereiro de 2015

LENHADOR DE SONHOS

Não venha comigo, não é seguro
Não basto a mim, não há contentamento.
Sou um lenhador de sonhos,
uma seta lançada no escuro
que não conhece seu destino..

Tenho apenas poesias,
palavras tristes que aprendi rimar,
amores que partiram sem me avisar,
Ilusões que eu adiei sofrer
e que batem à porta pra doer.

Esse amor te fará sofrer, te ferirei...
só sei andar sem ter aonde chegar,
estar com quem me ver partir,
sem levar lágrimas por mim

O que sinto é vendaval, um descarrilho.
Prefiro palmilhar meus pés
com quem puder entender
que talvez ao amanhecer 
serei levado pelas marés
ou guiado pelos passarinhos.


Marcos Tavares

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

MINHA MORADA


Fecho os olhos e penso
que posso me esconder,
que meus olhos podem escolher
pra onde eu quero olhar
e acredito poder procurar
destinos pra seguir.

Tranco a porta e sinto
que tenho onde habitar,
que em minha morada
as grades irão me conter
e acredito poder ficar
seguro sem me ferir.

Ando pelo mundo
querendo ter
o que não deveria carregar
e vou acreditando me faltar
o que seria inútil conseguir
e que nunca poderia levar

Abro os olhos e penso
que não me iludo ao tomar
os teus olhos como os meus
como se os meus,
já não fossem os teus.
Como se o chão que tento domar
não fosse um dia, me hospedar.


Marcos tavares




segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

UMA SÓ PALAVRA

Como as coisas proibidas,
um convite que assedia,
perfume que excita
paixão que seduz, arrepia...
Sobre o amor uma só palavra:
as vezes, dói.

Como os vícios que herdei
nas células
e nos riscos das minhas mãos.
No ofegar do sexo, os dialetos.
Se eu chorar, uma só palavra:
Corrói.

No desenho dos versos,
aflição e giz,
rimas que se alinham em nuvens,
como silabas que fiz de algodão.
No meu soneto, uma só palavra:
Solidão.

Naquilo que me fiz e criei
risquei com sangue
onde pulsa o meu profano.
A vida que eu sonhei
pintei com aquarelas.
Se seu sobreviver, uma só palavra:
Engano. 



Marcos tavares