Eu vou partir
na canção dos galhos e do vento.
Deixarei os meus sentidos
dançarem ao firmamento.
A tarde vai se deitando, ela me nina.
Os meninos soltam pipas, parece poesia.
Vejo formas e pessoas como cirandas,
passeando dentro dos meus olhos.
As gavetas vazias de emoções,
ainda cheia de memórias,
guardam a incerteza das minhas mãos
escolhendo calcinhas e perfumes.
Os rabiscos das paredes,
(com seus segredos indecifráveis),
revelam paixões proibidas da meninice
que se tornaram inofensivas pelo tempo.
Ouço com paciência,
o barulho das pessoas e seus passos,
criando necessidades que já perdi,
jogados aos trajetos que caminhei.
As folhas das arvores caem saltitantes no outono,
vagueio entre os cômodos e pássaros nas janelas,
ensaio passos frágeis na varanda e me canso,
meus sonhos querem descansar.
Talvez... Já seja hora de partir.
Marcos tavares
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