Cuida de mim, do meu punhal,
da minha sede animal,
de ter surrado quem não podia,
cometido crimes que não queria.
Cuida de mim, da minha mágoa,
do rancor ter sido tanto,
de não ter dado acalanto,
nem aprendido perdoar.
Cuida de mim, da minha farda,
da minha veia de vingança,
do sangue marginal que acovarda
essa fome voraz que não se farta.
Cuida de mim, do meu estrago,
do anel inútil que me decora,
da soberba de se sentir tão raro,
e ser mais um que também chora.
Cuida de mim, do meu desatino,
dos espinhos que não deixaram de doer,
das coisas que me entrego sem poder
sem saber por onde levam seus caminhos
Cuida de mim, dos meus pés,
das pedras que mereço pisar,
por saber que por onde eu ando
não tem lugar pra eu ficar. Marcos tavares
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