Fuço
as ruas como enxurradas.
Sou
sarjetas, quando nua.
Fujo
só, quando assustada.
Sou
silaba que se junta quando iro,
palavras
que se amontoam quando calo.
Uma
janela que reflito quando me espelho.
Eu parto em febre se preciso maturar.
Eu parto em febre se preciso maturar.
Os
meus olhos tem das ruas as fuligens.
Memórias
das esquinas acidentadas.
Não
sei dos dedos o que fomentam,
nem
mesmo neles, o que rascunham.
Ás vezes,
eu me quero barro, desenhando.
Pedaços
de estradas, me levando.
Folhas
de outono ao chão, se misturando,
e
chuvas que acalentam o coração.
Outras
vezes,
sou semblante, desfigurado.
sou semblante, desfigurado.
Sob
o céu em cinzas da cidade, sou flagrante.
Da
poeira que se ergue sou errante.
Num
estado de verbos indefiníveis,
as coisas são.
as coisas são.
Partilhei
segredos fúteis e violei canções.
Cheguei
aqui entre seus dentes como fome
e mesmo, sem saber, o que ainda era são,
e mesmo, sem saber, o que ainda era são,
fui tomando a forma deste chão.
Marcos tavares