sábado, 28 de novembro de 2015

SEGUIR ADIANTE

É de hoje em diante que eu vivo,    
deixo pra traz o meu amargo
o que fiz a mim quando nocivo,
joguei ao céu meus fogos de artificio.

É de agora em diante que eu parto
meço meus dias sem meus rastros 
o que veio a mim quando no escuro
sentia da vida seu afago duro.

É daqui pra frente que eu me guio,
tiro do bolso meus narcóticos
o que ficou em mim quando no rasgo
das feridas eu fugia em desamparo.


Marcos tavares

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

BEIJO BANDIDO


O beijo que eu quero te dar, 
vai ser de repente,
impossível de esquecer,
vou te prender entre meus braços,
vai ser tarde demais pra escapar, 
tentar fugir.

Vai ser um beijo guloso, faminto,
meio moleque, meio bandido,
meio roubado, inconsequente.
Vai ser a qualquer momento,
inesquecível, atordoante, apaixonado.

Este beijo vai ter que ser aflito,
Não terá nenhum juízo,
vai vir de dentro das entranhas,
vai querer te invadir, tentar te engolir.
Mostrar que não há engano
loucura tamanha.

Não vai ter equilíbrio, vai nos fazer flutuar,
vai ser viril, intenso, desafiante
vou te olhar nos olhos como domador
te mostrar como é lindo te tocar,

Vai ser um beijo molhado, cheio de tesão,
degustado sem pressa, vagabundo, imenso...
Vai ser demente, atrevido, insaciável, cuidadoso,
mas vai ser prepotente... sem permissão.


Marcos tavares 

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

COISA DOENTE

O que será desta coisa doente   
Que a gente sente
Quando se olha...
Quando se enrosca no chão
com roupas indecentes

o que será que a gente sente
quando em demência
rasgamos nossas peles
apertamos nossos ossos
comemos nossos lábios
em efervescência

o que será que nos inventa
quando jogados aos ladrilhos
exaustos e suados
permitimos nos tornar
aborígenes rendidos
sem clemência

Marcos tavares

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

CIRANDAS

                                                       Dedicado a Adélia Prado  (Quem me deu gosto pela poesia)

Eu vou partir
na canção dos galhos e do vento.
Deixarei os meus sentidos
dançarem ao firmamento.

A tarde vai se deitando, ela me nina.
Os meninos soltam pipas, parece poesia.
Vejo formas e pessoas como cirandas,
passeando dentro dos meus olhos.

As gavetas vazias de emoções,
ainda cheia de memórias,
guardam a incerteza das minhas mãos
escolhendo calcinhas e perfumes.

Os rabiscos das paredes,
(com seus segredos indecifráveis),
revelam paixões proibidas da meninice
que se tornaram inofensivas pelo tempo.

Ouço com paciência,
o barulho das pessoas e seus passos,
criando necessidades que já perdi,
jogados aos trajetos que caminhei.

As folhas das arvores caem saltitantes no outono,
vagueio entre os cômodos e pássaros nas janelas,
ensaio passos frágeis na varanda e me canso,
meus sonhos querem descansar.
Talvez... Já seja hora de partir.  


Marcos tavares


terça-feira, 10 de novembro de 2015

SEPARAÇÃO

Indícios de amor nenhum.
Ranhuras no peito,
incertezas ao falar,
permissão para  tocar.
 - Sem espelhos, olhei-te ao redor.

Descuidos... talvez  alguns.
Talvez, já fosse tarde,
já  estivesse partido,
denunciado  pelos  dias.
- Sem entrelinhas, palavras frias.

Planos, quase nenhum.
Talvez já fossem incertos
jogados ao acaso,
desfeitos em si, aos  lençóis
- Sem mágoas, deixamos acabar.


Marcos tavares 

domingo, 1 de novembro de 2015

CIVILIZAÇÃO SEM RUMOS

Os navios já se foram              
e me deixaram aqui.
nunca saberei os seus rumos
nem dessa gente que partiu
sem ter nem pra onde ir.
Ficou a terra que me cabe
e sabe da minha espera,
dos anseios de navegar
e da semente que não vinga
nem sabe o que há de vir
Vou seguir viagem
aos braços das marés,
e o anjo que me guarda
me livrará nas ventanias
do desejo humano em ferir

Marcos tavares